A experiência
"Você não tem Pais", é assim que na maioria das vezes é dada as crianças a notícia de que são órfãos, o que é mentira, todo mundo tem um pai e uma mãe,porém, o que é fato nem todos tem o prazer de saber o que essas palavras significam no dia-a-dia, fatores muitas vezes desconhecidos, marcam o psicológico e vida de seres humanos, marcados pela mágoa do abandono.
Educação, refeição e diversão, estão cada vez mais escassos, há também de se considerar o carinho dado na vida, as frustrações e brigas com colegas que não conseguem esconder sua revolta.
Porém nem sempre precisa se estar em um orfanato necessariamente para ser orfão, muitas vezes você tem um pai e uma mãe dentro de casa e esta muito mais abandonado do que uma criança em um orfanato.
Mas quando pensam que tudo já não tem jeito, essas crianças, recebem um presente magnifíco: A ADOÇÃO.
O caminho
O que leva uma pessoa a adotar? esterilidade? caridade? pena?
Pessoalmente acredito que não seja nenhuma das opções acima, acredito que o ato de adotar, seja muito mais intenso do que se possa imaginar, até a semana passada meu pensamento a respeito era de pena, ver aqueles pequenos seres tentando ao máximo lidar com "porque": o Por que tinha que ser elas? Por que elas teriam sido abandonas? ; Mas tudo mudou quando conheci a Vânia.
Vânia é uma colega de trabalho minha, que conheci essa semana, ela tem 47 anos, é casada a vinte e três anos, tem um netinho, duas filhas e um filho, O Vitor.
"Não há diferenças entre eles", me disse ela, que conheceu o Vitor quando este tinha apenas dois anos e sete meses, ele morava com a mãe biológica e a avó, que eram dançarinas natas de forró, ele era trancado pela mãe todos os fins de semana, em um quarto, para que ela pudesse sairpara dançar, como não andava, suas pernas começaram a se atrofiar, chorava de fome, de frio, era picado por vários insetos, inclusive formigas e percevejos, não tomava banho, sua fralda só era trocada na segunda quando sua mãe chegava, a avó quando ouvia o neto chorar colocava um saquinho com comida no buraco da parede ao lado da cama onde Vitor ficava, só assim que ele podia comer raras vezes nos fins de semana.
" Quando o peguei no colo ele me abraçou e encolheu as pernas, vi que a fralda já devia ser trocada a tempos, o incomodava muito, então quando fui limpá-lo, vi que estava em um estado lamentável de ferimentos, naquele momento eu vi que o menino que eu sempre quis, tinha chegado pra mim" , Vânia não precisou lutar na justiça pela guarda de Vitor, a mãe concordou em assinar os papeis, então começava outra luta, a luta contra a sub-desnutrição.
Com dois anos e sete meses ele pesava 6 quilos, o que fez com que os médicos não dessem chances para ele, o fígado estava quase em falência por falta de proteínas.
Mas isso não desanimou-a, ela correu contra o tempo, clínicas e mais clínicas, até que ele se torna-se uma criança saudável.
E o final feliz
Hoje ele está com sete anos, perfeitamente normal e obsecádo por internet.
Ele sabe que é adotado e seu amor por Vânia só aumenta mas segundo ela ele nunca irá saber em que estado foi encontrado, "Não quero nunca que ele se sinta rejeitado".
Ele pesa hoje 30 quilos, tem dentes lindos e um sorriso feliz. Tem planos e ele não se vê em outra família. " Minha mãe me ama, as vezes ela briga comigo porque eu só fico no video game" foi o que ele me disse.
Talvez Vitor ainda vá aprender muita coisa sobre a sua vida, sobre sua sorte e como ele é um garoto abençoado, talvez Vânia ainda não tenha descobrido como ela pode salvar um bebê mas eu talvez eu tenha finalmente aprendido que pena não salva ninguém e que há muitos mais sentimentos entre os seres humanos que qualquer um possa conhecer.
OBS:( Não foram autorizadas fotos)