Resíduos
De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).
Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço? vazio ? de cigarros, ficou um pouco.
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.
E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória
Carlos Drummond
Poesias...
Quem disse que poesia é coisa do passado?
Quem disse que poesia é coisa não pode ser sempre renovado?
Eu te digo que para ser poeta é necessário mais que belas palavras, mais que um texto bem arrumado, também é necessário ter boas idéias e sentimentos a ser passado.
Temos vários exemplos de poetas renomados, pessoas que fizeram da arte sentimento. Tivemos gênios que lutaram por ideais e que fizeram de poemas transmissão de idéias. Posso citar tantos nomes que meus dedos darão calos, alguns deles são:
Chico Buarque, Carlos Drummond, William Shakespeare, Clarice Lispector... entre outros, vários outros...
Existem poetas que não usam somente as palavras, existem poetas que alem de saber falar como falar e o que falar vem acompanhado de uma bela melodia.
Existem poetas que não recitam, não acompanha com melodias suas idéias eles simplesmente encenam suas poesias, suas idéias e palavras que podem variar falando de amor ou de terror.
Pessoas que fizeram da vida uma verdadeira arte e que nos estimula e nos ensina a viver com algumas palavras que para uns não são nada, mas para outros é simplesmente COOLtura.